Poetas Velhos ~ Leminski

Bom dia, poetas velhos.
Me deixem na boca
o gosto dos versos
mais fortes que não farei.

Dia vai vir que os saiba
tão bem que vos cite
como quem tê-los
um tanto feito também,
acredite.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

"Uma das coisas que eu mais admiro em alguém é o humor. Nada a ver com a boçalidade. Alguns me pedem crônicas sérias. Gente... o que fui de séria nos meus textos nestes 43 anos de escritora! Tão séria que meu querido amigo, jornalista e critico, Jose Castelo, escreveu que eu provoco a fuga insana, isto é, o cara começa a me ler e sai correndo pro funil do infinito. Tão seria que provoco o pânico. E nestas crônicas o que eu menos desejo é provocar o pânico... Já pensaram, a cada segunda-feira, os leitores atirando o jornal pelos ares e ensandecendo? Já pensaram o que é isso de falar a sério e dizer por exemplo: que é isso, meu chapa, nós vamos todos morrer e apodrecer (ainda bem que não é apodrecer e depois morrer, o lá de cima foi bonzinho nesse pedaço), tu não é ninguém, meu chapa, tudo é transitório, a casa que cê pensa ser sua vai ser logo mais de alguém, tu é hospede do tempo, negão, já pensou como vai ser o não ser? Tá chateado por que? Tu também vai envelhecer, ficar gling-glang e morrer... (há belas exceções como o Bertrand Russel fazendo comício aos 90, mas tu não é o Bertrand Russel). Até o Sartre, gente, inteligentíssimo, ficou na velhice se mijando nas calças e fazendo papelão... Se todo mundo pensasse seriamente no absurdo que eh tudo isso de ser feito de carne, mas também olhar as estrelas, de ter um rosto, mas também aquele buraco fétido, se todo mundo tivesse o habito de pensar, haveria mais piedade, mais solidariedade, mais compaixão e amor.
Mas quem é que vocês conhecem que pensa? As mães que nos colocaram no Planeta pensaram? Claro que não. Na hora de revirá  os óinho ninguém pensa. Só seria justificável parir se teu pimpolho fosse imortal e vivesse a mão direita Daquele. Mas teu pimpolho também vai morrer e apodrecer não sem antes passar por todos os horrores do Planeta. Tá  jogando fora o jornal, benzinho? Então vamos brincar de inventar uma nova semântica":
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

'Semântica – Antologia do Sêmen
Solipsismo – Psiquismo Solitário
Hipérbole – Bola Grande
Xenofobia – Fobia de Xenos
Ligadura – Liga das Senhoras Catolicas
Ânulo – Filete colocado por sob o bocel da cornija do capitel dórico
Bocel – Corruptela de Boçal
Ânus – Pronuncia errada de anus (ave da família dos cuculídeos)
Ku – Lua em finlandês
Cou (Pronuncia-se Cu) – Pescoço em Frances
Hipocampo – Campo de Hipismo
Proclamas – Alvoroço de amas
Misantropia – Entropia do Méson Mi
Democracia – Poder do Demo
Paradoxo – Oxiúros em estado de repouso (parado)
Republica – Ré muito manjada
Bom dia, leitor! Tá contente?

 Contente – Filho do ente do Heidegger com Cohn-Bendit'.

 

Hilst, Hilda .

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Ruptura da carne em fé.

Adormecer lentamente com as lágrimas da manhã. Processar na carne o ócio da fé. Inabalável sentido perfurando as sensações, transcorrendo pausas na viela do coração. Sentimento infiel habita a figura da mulher; outrora sábia conduta, por hora a loucura do tempo. Arremessar contra si as palavras, o silêncio tem lhe causado histórias. Reais salvo-condutos interceptando caminhos inventados. A cabeça comporta intensos sentidos inexistentes. Histórias saídas de vozes ecoando fatos incongruentes. Um sem fim  de marteladas simbólicas, nascendo diferentes personagens
 entre ela mesma e o irreal dos pensamentos. Fulgura o tempo em sussurros lascivos. Gritos transformados em face oculta, leitura carnal, âmago pungente. Breve pausa, nota musical. O silêncio transborda palavras; duras, simbólicas, maçantes, etéreas palavras. Brotam do inconsciente as frases ditas por quaisquer outras, incompreensível trajetória. Um mundo infinito de efêmeras lembranças de vida nenhuma; não obstante vidas vividas em outros mundos sonhados. Sentir a vida do lado imaginário. Qual caminho leva ao portal que separa os mundos?! O sonho, talvez, em sua enevoada façanha celeste. Este mundo real habitado por escolhas incertas, certezas impróprias, fé. Rotura sanguínea, morte adocicada por olhos que brevemente se cerram, enquanto pulsa ainda a vida esmorecida. Frio dilacerante cobre os poros de vida. Perene trajetória entre o céu e o sonho. Penumbra da falsa noite que conduz ao dia livre. Lentamente a manhã esvai-se em conto, àquelas palavras deixo o sono.!
 
 
Indi

segunda-feira, 6 de maio de 2013

'experimentar o experimental.'


***
Sorver o sumo da essência. Liquidificar os sentidos. Aprovar o gosto da vida. Pitadas de sentires. Jorrar a água cozendo os pensamentos mais duros. Peneirar os pensamentos mais finos. Alimentar a alma.! Das nossas árvores mais buscar raízes mais profundas para o equilíbrio vital. Ouvir o vento sem receio dos tufões. Mente fresca quão vento dos bosques outonais. Adornar o espírito com temperos e condimentos. Saborizá-lo. Na alquimia do corpo sentidos e secreções misturam-se num gozo sólido e num pulsar gasoso. A voz respira o eco da alma e se dissipa no ar imaterial.Universal fronte. Fonte carnal. O enigma dos quintais,os labirintos pessoais transformados em lar. As esquinas do perigo visual com mulheres encantadas pelos sais minerais. Luares infinitos, olhares íntimos. Penetrar a dor e o prazer do ser. Daquilo tão eterno capaz de saber o que ninguém duvida enquanto se é. Os que digam que o teatro imitam a vida; enquanto há tantas maneiras de interpreta-la. Múltiplas vidas, faces ocultas de um verso ilusório. Ilíadas reais. Cantadas em cotidiano, suplicam-se as horas em cruas sílabas formais. Estradas empoeiradas visitadas em passeios reais.Cavalarias, artilharias, rainhas. Um personagem personificado em gomos de um mesmo laranjal. Quantos sopros de vida garantem um pensamento? Milhares de ais! Solfejar com o vento; cantar o povo. Sentir um alento ... Aqueles passeios distantes, surpresas constantes em devaneios quase épicos. Palavras voavam; o ar rarefeito dos cortiços agregados, elas plainavam apertadas e sem jeito. Pelos cafezais sem fim a insônia dos que sonham acordados.



Indi

citação: Wally Salomão

domingo, 24 de fevereiro de 2013

O desencanto da idéia {ou A criatividade alucinada}

'fosse apenas idéia; teria sido irreal ...'

... aquilo estilhaçava sua pele em milhões de pedaços inteiros de si mesma. A cada novo corte um repartir infinito de quem era; e tudo isso seria senão um círculo vicioso da teimosia do acaso. Vista nua. Um espelho refletia sua carne crua, e suas artérias, e antimatérias. A fina telúrica da vida! Esboçasse um sorriso jamais teria sido em vão. Dividia com o mundo a carência de um sorriso, na cadência do seu silêncio - Hiato Paralelo. Os olhos; esses sim, repetiam insistentes os segredos mais confusos. Nada! Só mistério em que a obviedade confundia quem desejasse possuí-los. Breve menina num corpo de mulher. Quanto custariam os anos a passar tresloucados apressados? Alucinados... Quanto custaria a ela todos os segundos por vir? Quase sempre encruzilhada - Caminhos distintos perpendiculares afirmando a complexa idéia de lugar nenhum. Fantasias! Soltas palavras numa mente imaginada. A idéia de uma outra idéia inventada. Certeza?!; saberia afirma incertamente: "Eis o passado; absoluto!" - segredava baixinho ao vento todas as mulheres que ainda nasceriam com a eterna aurora ... Ela!



Indi

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

vento sol mar ...

Era tanto mar a inundar a casa. Era tanto vento a soprar um novo acaso. Era tanto sol a beijar as falésias do corpo... Sentir a vontade dos deuses em capítulos seriados. Pisar macio os corais sob o mar. Encantar a terra com as canções do céu. Avistar os desígnios do deus Indra ao fantasiar nuvens em fôrmas resvaladas de sonho. Era um passeio sobre a vida. Ingênua alegria compartilhar a insana maresia °°°

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

À espera da primavera.

Uma folha em branco. Sente o ar que exala à vida; o bucólico acerto do sol. O vento balouça as árvores que não vê. O dourado sol. Lá fora a vida urge, grita a eterna passagem do tempo. Os carros sobem e descem. A tarde começa a esvair-se em devaneios impróprios. Imprópria, sente o coração arroubar-se em desatinos. Arde o corpo, tempera as têmporas com o contraste do vermelho em pele branca. Seguir os passos das suas letras, avançar contra o tempo à procura do menor pensamento. Apagar; vez em quando, recuar as palavras. Ressaltá-las em fogo. Voar com o som do silêncio. Silêncio .! A qualquer movimento uníssono descobrir latente as diversas formas do silêncio. Escutar o dom dos dias, auscultar o som do corpo. Coração. Mente. A vida vibra cósmica em cada partícula do que é. A melancolia desata os nós do seu sentir. A vida pulsa. Magnânima vida. Reverbera a chama sempre acesa do sentimento. A arte de amar. A verdadeira arte de amar. Soar o divino. Entoar os cânticos das palavras desencontradas. Gritar. Pular. Jogar o corpo contra o vento. Desabotoar os botões do cotidiano. Sorver a vida, a líquida vida da poetisa. Sente a calmaria chegar com a mesma destreza das palavras oblíquas. Finalmente compreende que o fim nunca cessa de chegar. Atrela seus passos ao caminho interno da sua mente, segue o adiante do-sem-fim ...







Indi


quarta-feira, 25 de abril de 2012

de amor renascem meus outonos

Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas: 
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava. 
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.

Outono. 3 anos de amor sob um céu estrelado.°

Neruda a ela que enche minha vida de amor.